A Quimera da mitologia grega era uma
fera que cuspia fogo, composta por partes de múltiplos animais: corpo e cabeça
de leão, cauda terminando com uma cabeça de serpente e mais uma cabeça de cabra
acoplada às costas. Claro que havia variações sobre esse tema, mas era um ‘bicho’,
mesmo, de arrepiar!
Com o tempo, o termo Quimera passou a
ser usado para descrever, de maneira genérica, todas as bestas mitológicas de
composição híbrida.
Modernamente, o termo Quimera passou a
ter conotação distinta e nada assustadora, significando fantasia, devaneio,
ilusão, sonho, visão... enfim, um produto da imaginação, como era a fera
mitológica, diriam.
E foi um Quimera, agora falando de
vinho, aliado a boas companhias e um saboroso Bom-Bom do Bassi (“O Templo da
Carne”), que fez uma tediosa, chata, fria e chuvosa tarde na Paulicéia
tornar-se deliciosa e divertida.
Produzido pela bodega-boutique
argentina Achaval-Ferrer, o vinho Quimera, assim como a fera mitológica, também
é um ‘ser’ composto e multifacetado. No vinho, não há cabeças ou caudas de
animais (é claro!) e suas distintas partes são compostas pelas uvas Malbec,
Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc.
No Quimera, o vinho, o genial enólogo
italiano - Roberto Cipresso - trabalha no vinhedo e na adega com total
liberdade para encontrar as características que lhe interessam em cada
variedade de uva, pensando em cada uma delas como um ingrediente que fará parte
de um vinho mais complexo; um vinho no qual o todo será mais que as partes; um
vinho no qual o todo não surge de uma mescla fortuita de quatro bons vinhos,
mas sim da busca utópica do vinho ideal, do vinho perfeito, do vinho dos
sonhos... Eis o Quimera, um dos meus vinhos sul-americanos preferidos.
Vamos ao vinho, porque a vida sem
Quimeras não tem graça...
Produtor: Achaval-Ferrer.
País/região: Argentina, Mendoza.
Nome
do vinho: Quimera.
Uva(s): 37% Malbec, 28% Merlot, 25% Cabernet
Sauvignon e 10% Cabernet Franc.
Tipo:
tinto Safra: 2005 Álcool: 13,5%
Fermentação
alcoólica: em tanques de concreto
(piletas).
Amadurecimento: 12 meses em barricas de carvalho francês (40% novas).
Aparência:
vermelho rubi ainda intenso
e quase sem nuanças cromáticas que indiquem evolução.
Aromas:
puros (sem defeitos),
com intensidade média+ e complexidade alta. Seus aromas visitam as famílias das
frutas negras maduras, das especiarias, ervas aromáticas, flores, minerais...
Boca:
pura; muito saborosa –
lembrando frutas negras, especiarias e minerais -; com álcool bem integrado e
equilibrado; acidez justa e refrescante; taninos de textura macia; boa
densidade, mas sem ser pesado; e um longo e prazeroso final de boca.
Conclusão: um tinto como eu gosto, extremamente
bem feito, no qual complexidade, equilíbrio e elegância – e não a mera e fácil
potência – dão o tom. Minha única crítica recai sobre minha própria impaciência.
Deveria ter esperado mais uns 3-4 anos para beber essa maravilha, pois, certamente,
o vinho ganharia ainda mais expressão, com outras camadas de aromas e sabores. Mas,
a vida é boa e, com certeza, outros e outras Quimeras virão!
Classificação:
Excelente.
Preço/vendedor:
R$ 148,00 (safra disponível: 2009) / www.inovini.com.br